O mapa de Carlos Alberto
Numa parede da casa de Carlos Alberto e Juana, um mapa-mundi gigante. A RDC ainda é Zaire, e outros que tais, mas ele lá está, colado, enorme, ameaçado pela humidade (a mesma que obrigou a tirar do lugar o forno eléctrico, na cozinha). Uma torrente de perguntas sai, imprevisível. O olhar curioso deste kota verte em perguntas sobre os mandingas que não somos, dos bantu que sim, também somos, e em questões sobre a colonização.
Com um livro na mão que tirou da sua prateleira de mil folhas, mostra a divisão etno-linguística de África. Fala de kimbundo, dos Mbundo. E da escravatura. Com os olhos bem abertos, solta uma avalanche de palavras ao jeito tão bom de quem não se quer impor ou pavonear com conhecimento, mas partilhá-lo com avidez. Procura saber, fala de África com alguma autoridade e de Angola com simpatia.
Afinal, deste outro lado do mar há quem nos conheça para lá do óbvio. O que, tendo em conta o contexto histórico, é sempre uma boa surpresa. Naquela casa laranja do bairro Olivos, um mapa do mundo XL pinta, a verde e a curiosidade, o quadradinho que somos nós, canto sul de uma África distante da cidade porteña.
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