Quando os diabos dançam
Num momento indeterminado na costa do Pacífico da Nova Espanha, atual México, escravos africanos disfarçaram-se de diabos e desfilaram pelas ruas de pequenos povoados. Pediam aos deuses ancestrais a liberdade. Com máscaras de seres do inframundo e à cadência de harmónicas e puítas reinventadas, criaram a Dança dos Diabos. O ritual é uma das expressões máximas dos afromexicanos, minoria invisibilizada durante séculos e que só em 2019 foi oficialmente reconhecida com povo originário.
“Sou Diabo
Sou Ancestralidade
Sou Alegria
Sou Cultura
Sou História
Sou Negritude
Sou Identidade
Sou Resiliência
Danço para acompanhar quem já partiu
Danço ao ritmo que marca o meu coração
Danço porque existo
Danço porque resisto
Danço porque estou vivo
Danço porque sou ‘Soteño’
Danço porque sou Diabo
Urra!!”
No Dia dos Mortos, os diabos dançam nas ruas da Costa Chica, linha do Pacífico mexicano entre os estados de Guerrero e Oaxaca. Com roupas feitas farrapos, ocultam-se atrás de máscaras com grandes cornos, narizes enormes, orelhas descomunais, longas barbas e listões de crina de cavalo.
À frente do corso de doze, vinte diabos, o Tenango, ou Diabo Maior. Representa o chefe ou o capataz esclavagista. A seu lado, a Minga, diminutivo de Maria Dominga, ou “Bruxa”. É a mãe dos diabos, um homem vestido de mulher com um boneco nos braços. Juntos, Tenango e Minga, marcam o rimo da dança com um chocalho e um chicote. Dirigem a comparsa de diabos que deambula pelas ruas de Cuajinicuilapa, Santiago Llano Grande, San Juan Bautista Lo de Soto, Río Grande e Ometepec. Povoados afromexicanos de Guerrero e Oaxaca.
Com os troncos ligeiramente inclinados, os dançantes alucinam num sapateado duro e forte, vigoroso e exigente. Braços abertos e soltos, passos para a esquerda, para a direita, em roda ou formação de quadrilha. Harmónicas, por vezes violinos, um “bote” (versão mexicana da puíta) e um reco-reco feito com queixada de burro ou de cavalo soltam as “chilenas” típicas da Dança dos Diabos. Este género musical mistura canções dos marinheiros chilenos do século XIX com sons africanos e de comunidades indígenas da Costa Chica. Quando se calam os instrumentos, os dançantes atiram-se para o chão. Rebolam, esperneiam, mantêm-se estáticos. Ligeiro compasso de espera. E tudo se repete. A harmónica dá o tom; o bote e o reco-reco animal, o ritmo. E os diabos ganham nova vida.
Com variações de comunidade para comunidade, a Dança dos Diabos é coisa de séculos. Remonta ao vice-reino da Nova Espanha, nome colonial do México atual. Académicos coincidem que era uma espécie de ritual com o qual os escravos pediam a liberdade aos seus deuses, ao mesmo tempo que satirizavam o poder de então.
Os afromexicanos, no entanto, têm uma outra versão que realça o seu carácter resistente. Entrevistado pela académica Beatriz Amaro, o “diabo” Javier Arellanes, Tenango de Barrio Arriba, comenta: “Não há dúvida que esta é uma herança dos nossos antepassados. A dança chegou aqui com os africanos que vinham num barco que encalhou na costa. Em São Nicolau foi o primeiro lugar onde se dançou. A partir daí espalhou-se por toda a região”. No artigo “A Dança dos Diabos: identidade e coesão comunitária”, Beatriz Amaro detalha a história: “Estes relatos aludem ao mito fundacional de um barco que encalhou em Puerto Minizo [estado de Oaxaca] e de onde o imaginário coletivo garante que provêm os primeiros negros que habitaram a região. Segundo esta história, apesar dos nossos antepassados terem sido sequestrados em África, nunca foram escravizados, uma vez que lhes deram a liberdade por terem salvo a dona do navio negreiro encalhado. Este mito reflete a necessidade de saber de onde vimos e também a invisibilidade da nossa história”.
Desalmados
Ninguém sabe ao certo por que os escravos e descendentes se mascaravam de diabos para dar o seu grito de revolta. Como indica Beatriz Amaro, também membro da Rede de Mulheres Afro-latino-americanas, Afro-caribenhas e da Diáspora (Capítulo México), alguns investigadores associam a representação como forma de os escravos satirizarem a ideia de que os negros não tinham alma, que eram o mal em si mesmo, instrumentos do diabo – daí os cornos, os pelos e as garras. Outros associam a caracterização dos diabos dançantes à criação de gado na região, atividade à qual se dedicava grande parte da mão-de-obra escrava.
Transmitida de geração em geração, a cerimónia foi ganhando tintes católicos e absorveu tradições indígenas. Hoje, mais que nada, os diabos são intermediários entre a vida e a morte, protegem os vivos e representam os espíritos dos mortos que voltam para visitar as suas famílias. Por isso, no Dia de Mortos mexicano (1 para 2 de novembro) o ritual afromexicano ganha especial relevância na Costa Chica, em consonância com as tradições deste dia, tão próprias do país. Os desfiles de diabos dançantes saem também às ruas nos dias de São Nicolau e da Virgem da Guadalupe, 6 e 12 de dezembro.
Apesar das muitas incertezas teóricas, algo está muito claro: para os afromexicanos, a Dança dos Diabos é uma expressão muito própria, intrínseca, natural, tão antiga que pouco há que questionar. “Quando eu nasci, os Diabos já eram Diabos, apesar de serem muito diferentes dos de agora”, comentava a Beatriz Amaro, o antigo dançante Alejandrino Clemente, com 99 anos.
A terceira raiz
No México, só recentemente as expressões afromexicanas como a Dança dos Diabos começaram a ganhar alguma projeção. Durante séculos, estas comunidades foram totalmente invisibilizadas no país. Apagadas da história. Mesmo quando ruas, praças e feriados celebram personagens como José Maria Morelos ou Vicente Guerrero, heróis maiores da independência nacional… e ambos afromexicanos… sem que ninguém o saiba, sequer.
O desconhecimento dos mexicanos sobre a chamada “terceira raiz” deste país (a primeira é indígena; a segunda, espanhola) resulta de um eficaz trabalho de ocultamento institucional ao longo de séculos. Na verdade, o México chegou a ser “um dos centros recetores de mão-de-obra africana mais importantes nos séculos XVI e XVII”, assegura o historiador Miguel García em “Dois aspetos da escravatura negra em Veracruz”. Os escravos trabalhavam sobretudo nas explorações de cana-de-açúcar, de gado e nas minas.
Em “A vida dos zimarrones de Veracruz”, o historiador Fernando Winfield acrescenta que se pode até demonstrar que, “em determinados períodos, houve mais africanos em algumas regiões [do atual México], que europeus e índios”. Um levantamento feito pelo académico António Zedillo em “A presença do negro no México e a sua música” quantifica que, no século XVI, os negros representavam 2% da população do território; no século XIX eram já 10%; hoje, segundo o Censo de 2020, existem 2,5 milhões de afromexicanos no país, cerca de 2% da população. Guerrero, Estado do México, Veracuz, Oaxaca, Cidade do México e Jalisco são as entidades federais que concentram este grupo.
Face a este “olvido”, Antonio Zedillo afirma que “falar da presença da negritude no México é mencionar uma parte do esquecimento que a História oficial mexicana tem tido em relação a um grupo de seres humanos que […] deixaram uma marca profunda na evolução sociocultural da nação mexicana”.
As lutas dos escravos contra a Coroa Espanhola na Nova Espanha são uma destas marcas. A título de exemplo, a reportagem “Yanga: Luta, Sangue e Liberdade”, publicada originalmente na revista angolana “Austral”, conta a história do escravo Yanga e do seu chefe militar de origem Ngola, Francisco de la Matoza, no século XVII. Juntos, formaram o que é considerado o primeiro território livre das Américas, San Lorenzo de los Negros, no atual estado mexicano de Veracruz.
Mas não é a única história. O investigador Fernando Winfield afirma que, a partir de 1607 os espanhóis organizaram “campanhas contra negros” na costa do Pacífico, com centro de operações em Acapulco. Já antes, em 1537, nota Antonio Zedillo, “apenas dezasseis anos depois da conquista de Tenochtitlán”, a capital azteca sobre a qual se edificou a Cidade do México, “deu-se a primeira matança de escravos africanos”. Razão: “temor pela atitude rebelde dos africanos”.
Nos últimos anos, associações afromexicanas têm insistido na importância de reconhecer a sua participação na formação do México como país. A pressão começa a dar frutos. Em (apenas!) 2019, o Estado mexicano reconheceu os afromexicanos como “povo originário”. Ao dar-lhe essa distinção, o Senado reconhece este grupo como “artífice da criação e consolidação do Estado mexicano”, outorgando-lhe os direitos que a Constituição prevê em matéria de “livre determinação, autonomia, desenvolvimento e inclusão social”.
O caminho é longo, no entanto. O próprio governo reconhece que os afromexicanos continuam a sofrer forte discriminação racial, o que lhes barra o acesso a oportunidades de todo o tipo e à participação na tomada de decisões. A precarização económica desse grupo, com taxas de analfabetismo três vezes maiores do que a média nacional, agrava a sua marginalização.
Perante este cenário, expressões como a “Dança dos Diabos”, mais do que folclore, continuam a cumprir a função original de resistência. Resistir para avançar com esse sapateado firme com o qual reafirmam que a este chão pertencem.
Originalmente publicado no Buala.
Dança dos Diabos em Cuajinicuilapa, Guerrero. MiMuseoIndigena |
“Sou Diabo
Sou Ancestralidade
Sou Alegria
Sou Cultura
Sou História
Sou Negritude
Sou Identidade
Sou Resiliência
Danço para acompanhar quem já partiu
Danço ao ritmo que marca o meu coração
Danço porque existo
Danço porque resisto
Danço porque estou vivo
Danço porque sou ‘Soteño’
Danço porque sou Diabo
Urra!!”
No Dia dos Mortos, os diabos dançam nas ruas da Costa Chica, linha do Pacífico mexicano entre os estados de Guerrero e Oaxaca. Com roupas feitas farrapos, ocultam-se atrás de máscaras com grandes cornos, narizes enormes, orelhas descomunais, longas barbas e listões de crina de cavalo.
Tradicionalmente representado por homens, a Minga é considerada a mãe dos diabos dançantes. Cortv |
Os diabos são uma ponte entre os vivos e os mortos. Beatriz Amaro Clemente |
À frente do corso de doze, vinte diabos, o Tenango, ou Diabo Maior. Representa o chefe ou o capataz esclavagista. A seu lado, a Minga, diminutivo de Maria Dominga, ou “Bruxa”. É a mãe dos diabos, um homem vestido de mulher com um boneco nos braços. Juntos, Tenango e Minga, marcam o rimo da dança com um chocalho e um chicote. Dirigem a comparsa de diabos que deambula pelas ruas de Cuajinicuilapa, Santiago Llano Grande, San Juan Bautista Lo de Soto, Río Grande e Ometepec. Povoados afromexicanos de Guerrero e Oaxaca.
Com os troncos ligeiramente inclinados, os dançantes alucinam num sapateado duro e forte, vigoroso e exigente. Braços abertos e soltos, passos para a esquerda, para a direita, em roda ou formação de quadrilha. Harmónicas, por vezes violinos, um “bote” (versão mexicana da puíta) e um reco-reco feito com queixada de burro ou de cavalo soltam as “chilenas” típicas da Dança dos Diabos. Este género musical mistura canções dos marinheiros chilenos do século XIX com sons africanos e de comunidades indígenas da Costa Chica. Quando se calam os instrumentos, os dançantes atiram-se para o chão. Rebolam, esperneiam, mantêm-se estáticos. Ligeiro compasso de espera. E tudo se repete. A harmónica dá o tom; o bote e o reco-reco animal, o ritmo. E os diabos ganham nova vida.
Com variações de comunidade para comunidade, a Dança dos Diabos é coisa de séculos. Remonta ao vice-reino da Nova Espanha, nome colonial do México atual. Académicos coincidem que era uma espécie de ritual com o qual os escravos pediam a liberdade aos seus deuses, ao mesmo tempo que satirizavam o poder de então.
Os afromexicanos, no entanto, têm uma outra versão que realça o seu carácter resistente. Entrevistado pela académica Beatriz Amaro, o “diabo” Javier Arellanes, Tenango de Barrio Arriba, comenta: “Não há dúvida que esta é uma herança dos nossos antepassados. A dança chegou aqui com os africanos que vinham num barco que encalhou na costa. Em São Nicolau foi o primeiro lugar onde se dançou. A partir daí espalhou-se por toda a região”. No artigo “A Dança dos Diabos: identidade e coesão comunitária”, Beatriz Amaro detalha a história: “Estes relatos aludem ao mito fundacional de um barco que encalhou em Puerto Minizo [estado de Oaxaca] e de onde o imaginário coletivo garante que provêm os primeiros negros que habitaram a região. Segundo esta história, apesar dos nossos antepassados terem sido sequestrados em África, nunca foram escravizados, uma vez que lhes deram a liberdade por terem salvo a dona do navio negreiro encalhado. Este mito reflete a necessidade de saber de onde vimos e também a invisibilidade da nossa história”.
Desalmados
Máscaras com grandes orelhas e barbas longas marcam a caracterização dos diabos dançantes. Beatriz Amaro Clemente |
Ninguém sabe ao certo por que os escravos e descendentes se mascaravam de diabos para dar o seu grito de revolta. Como indica Beatriz Amaro, também membro da Rede de Mulheres Afro-latino-americanas, Afro-caribenhas e da Diáspora (Capítulo México), alguns investigadores associam a representação como forma de os escravos satirizarem a ideia de que os negros não tinham alma, que eram o mal em si mesmo, instrumentos do diabo – daí os cornos, os pelos e as garras. Outros associam a caracterização dos diabos dançantes à criação de gado na região, atividade à qual se dedicava grande parte da mão-de-obra escrava.
Transmitida de geração em geração, a cerimónia foi ganhando tintes católicos e absorveu tradições indígenas. Hoje, mais que nada, os diabos são intermediários entre a vida e a morte, protegem os vivos e representam os espíritos dos mortos que voltam para visitar as suas famílias. Por isso, no Dia de Mortos mexicano (1 para 2 de novembro) o ritual afromexicano ganha especial relevância na Costa Chica, em consonância com as tradições deste dia, tão próprias do país. Os desfiles de diabos dançantes saem também às ruas nos dias de São Nicolau e da Virgem da Guadalupe, 6 e 12 de dezembro.
Apesar das muitas incertezas teóricas, algo está muito claro: para os afromexicanos, a Dança dos Diabos é uma expressão muito própria, intrínseca, natural, tão antiga que pouco há que questionar. “Quando eu nasci, os Diabos já eram Diabos, apesar de serem muito diferentes dos de agora”, comentava a Beatriz Amaro, o antigo dançante Alejandrino Clemente, com 99 anos.
A terceira raiz
No México, só recentemente as expressões afromexicanas como a Dança dos Diabos começaram a ganhar alguma projeção. Durante séculos, estas comunidades foram totalmente invisibilizadas no país. Apagadas da história. Mesmo quando ruas, praças e feriados celebram personagens como José Maria Morelos ou Vicente Guerrero, heróis maiores da independência nacional… e ambos afromexicanos… sem que ninguém o saiba, sequer.
Vicente Guerrero, um dos presidentes e heróis da independência do México, era afro-descendente, facto desconhecido pela maioria dos mexicanos. DR |
A comunidade afro-mexicana representa 2% da população mexicana. DR |
Apenas em 2019 o Estado mexicano reconheceu oficialmente os afro-mexicanos como povo originário. Francisco Palma |
O desconhecimento dos mexicanos sobre a chamada “terceira raiz” deste país (a primeira é indígena; a segunda, espanhola) resulta de um eficaz trabalho de ocultamento institucional ao longo de séculos. Na verdade, o México chegou a ser “um dos centros recetores de mão-de-obra africana mais importantes nos séculos XVI e XVII”, assegura o historiador Miguel García em “Dois aspetos da escravatura negra em Veracruz”. Os escravos trabalhavam sobretudo nas explorações de cana-de-açúcar, de gado e nas minas.
Em “A vida dos zimarrones de Veracruz”, o historiador Fernando Winfield acrescenta que se pode até demonstrar que, “em determinados períodos, houve mais africanos em algumas regiões [do atual México], que europeus e índios”. Um levantamento feito pelo académico António Zedillo em “A presença do negro no México e a sua música” quantifica que, no século XVI, os negros representavam 2% da população do território; no século XIX eram já 10%; hoje, segundo o Censo de 2020, existem 2,5 milhões de afromexicanos no país, cerca de 2% da população. Guerrero, Estado do México, Veracuz, Oaxaca, Cidade do México e Jalisco são as entidades federais que concentram este grupo.
Face a este “olvido”, Antonio Zedillo afirma que “falar da presença da negritude no México é mencionar uma parte do esquecimento que a História oficial mexicana tem tido em relação a um grupo de seres humanos que […] deixaram uma marca profunda na evolução sociocultural da nação mexicana”.
As lutas dos escravos contra a Coroa Espanhola na Nova Espanha são uma destas marcas. A título de exemplo, a reportagem “Yanga: Luta, Sangue e Liberdade”, publicada originalmente na revista angolana “Austral”, conta a história do escravo Yanga e do seu chefe militar de origem Ngola, Francisco de la Matoza, no século XVII. Juntos, formaram o que é considerado o primeiro território livre das Américas, San Lorenzo de los Negros, no atual estado mexicano de Veracruz.
Mas não é a única história. O investigador Fernando Winfield afirma que, a partir de 1607 os espanhóis organizaram “campanhas contra negros” na costa do Pacífico, com centro de operações em Acapulco. Já antes, em 1537, nota Antonio Zedillo, “apenas dezasseis anos depois da conquista de Tenochtitlán”, a capital azteca sobre a qual se edificou a Cidade do México, “deu-se a primeira matança de escravos africanos”. Razão: “temor pela atitude rebelde dos africanos”.
Nos últimos anos, associações afromexicanas têm insistido na importância de reconhecer a sua participação na formação do México como país. A pressão começa a dar frutos. Em (apenas!) 2019, o Estado mexicano reconheceu os afromexicanos como “povo originário”. Ao dar-lhe essa distinção, o Senado reconhece este grupo como “artífice da criação e consolidação do Estado mexicano”, outorgando-lhe os direitos que a Constituição prevê em matéria de “livre determinação, autonomia, desenvolvimento e inclusão social”.
O caminho é longo, no entanto. O próprio governo reconhece que os afromexicanos continuam a sofrer forte discriminação racial, o que lhes barra o acesso a oportunidades de todo o tipo e à participação na tomada de decisões. A precarização económica desse grupo, com taxas de analfabetismo três vezes maiores do que a média nacional, agrava a sua marginalização.
Perante este cenário, expressões como a “Dança dos Diabos”, mais do que folclore, continuam a cumprir a função original de resistência. Resistir para avançar com esse sapateado firme com o qual reafirmam que a este chão pertencem.
A Minga encabeça os corsos de diabos. Beatriz Amaro Clemente |
A Minga e o Tenango marcam o passo da Dança dos Diabos. El Universal |
Originalmente publicado no Buala.
Comentários