Interregno



Um interregno longo. Um espaço de mim para mim. Porque durante estes meses, as palavras foram o que menos falta fez. As minhas, digo.

Fui por um mês e fiquei quase quatro. México. A minha novela mexicana. Roteiro desajeitado de quem foi visitar terra estranha e voltou com ela encravada nas unhas. “México à flor da pele”, escrevi no post anterior. Quando a missa não ia nem a metade.

Foi tudo muito para dentro. Uma vertigem cá dentro. Um abrir a muita coisa que a minha rotina agitada de Luanda, dedicada ao que me era exterior, me fez esquecer. Nos últimos anos fui-me adiando e omitindo, porque na minha cabeça, acima de tudo, era necessário escrever, era necessário estar atento, era necessário fintar, era necessário blá, blá, blá. Era necessário eu, também, e disso não me dei conta. Até agora.

Finalmente permiti-me e senti-me muito bem nesta nova posição. Mais equilibrado. Esta foi a herança de meses a fio em que saltei de turbilhão para alucinação, de êxtase sorridente para declive obtuso. E sabem que mais? Vivi. E sabem que mais ainda? Mudei. E pus na cabeça de uma vez por todas que há coisas que não posso omitir se quero, afinal, o que todos querem – ser feliz.

Discurso muito meu, este. Desculpem-me as lamechices. Mas, sabem, um homem também ama e chora. E isso, espantem-se, é tão bom.

Comentários

Anónimo disse…
Olá Pedro,

De vez em quando venho aqui ler... para me enriquecer:) Por vezes as palavras também servem. Ou a ausência delas. Fico com vontade de escrever sempre que leio o Mukuarimi.
Beijinhos,
Tatiana Teixeira

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