Guiné-Bissau, voltas e mais voltas

Mais uma volta, mais uma eleição, mais uma (ténue) esperança. Neste momento os guineenses estão a votar mais uma vez (sempre mais uma vez) nas presidenciais. Kumba Ialá ou Malam Bacai Sanhá, opções com que muitos não se identificam, mas que são as únicas, num país cansado de confusão e com uma crónica falta de esperança.

Estive durante 15 dias em Bissau, na primeira volta das eleições, e foi impossível não me envolver com os anseios deste povo magnífico. Fartos, desanimados, totalmente descrentes e cansados das consecutivas machadadas com os políticos e militares lhes destroem todas as esperanças de dias melhores. Como em todo o lado, quem sofre é a raia miúda, que vê o seu país constantemente adiado. Vivem como autómatos, quase, rotulados como habitantes do primeiro narco-Estado da África Ocidental, intimidados pelo poder militar, que ainda hoje reinvindica os louros da luta de libertação, e recolhidos nas diminutas possibilidades de evolução e desenvolvimento que os seus dirigentes lhes proporcionam. Um cenário desesperante.

A Guiné-Bissau impressionou-me, sobretudo pela dimensão humana das pessoas, altamente afectuosas e pacíficas. Um contraste brutal com a imagem de violência que os responsáveis pelas suas vidas passam cá para fora. Todos sabem que estas eleições não vão alterar grande coisa, porque as mudanças têm que ser de fundo e abarcar todos os sectores da sociedade. Como tal, aguardo com expectativa o que aí vem. Porque este povo merece um caminho sólido. Aqui em baixo, um texto de antecipação destas eleições, que fiz para a última edição do NJ.

Comentários

Tatiana Teixeira disse…
Olá pedro,

Provavlemente já mal te lembrarás de mim. Trabalhámos juntos no Jornal A Semana, em Cabo Verde.
Encontrei o teu blogue enquanto navegava pela net e fiquei maravilhada com o que li. A propósito do teu comentário sobre o o povo guineense, orgulho-me de dizer que tenho sangue guineense.
Espero que estejas bem. Um abraço.

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