Salvador
É agora que este blog fica intimista. E é assim que rompo, três meses depois, como notou Soberano Canhanga, um silêncio que foi mais grito que outra coisa. Todo este tempo (tão pouco, afinal, vejo agora) foi de revolução. Episódios inesperados, marretadas na cabeça, o fim de algumas ilusões e desnorte que desembocaram em novas coordenadas e numa estratégia diferente para os mesmos objectivos de sempre.
Olho agora Luanda e Angola de frente, do outro lado do espelho. Salvador da Bahía, numa reprodução algumas vezes forçada do que fica do outro lado do Atlântico. Curiosamente, é a minha Benguela que fica cara com cara com o Farol da Barra, a minha referência numa cidade que há muitos anos se impôs no meu imaginário (e de tantos outros) pelas palavras de Jorge Amado.
Estou, digamos, na minha fase egoísta e de distanciamento. Egoísta, porque preciso com urgência de pensar mais em mim do que em grandes causas; distanciamento, porque, apesar de sentir umas saudades terríveis de Angola, é interessante olhá-la de fora, e ver o tipo de sentimentos que ela desperta. Na boca fica aquele sabor agridoce do absurdo. Talvez parecido com o sabor de uma mulher que amamos loucamente mas que nos dá porrada todos os dias e nos atira à cara a nossa imposta ou suposta impotência.
Estou neste limbo e assim deverei ficar uns tempos mais. Sou um puto, um "teenager guevarista", segundo a arrogância de um importante senhor da Banda (desses do estilo "sabes quem eu sou?"). Por isso tenho que me dar espaço para viver coisas novas, descobrir algo para além da asfixia, conhecer pessoas diferentes, definir mil planos de viagens e de escritas que talvez nem se concretizem. Mas isso também não importa. Estou a viver-me pela primeira vez em muito tempo. Que Salvador me salve... e até ao regresso.
Olho agora Luanda e Angola de frente, do outro lado do espelho. Salvador da Bahía, numa reprodução algumas vezes forçada do que fica do outro lado do Atlântico. Curiosamente, é a minha Benguela que fica cara com cara com o Farol da Barra, a minha referência numa cidade que há muitos anos se impôs no meu imaginário (e de tantos outros) pelas palavras de Jorge Amado.
Estou, digamos, na minha fase egoísta e de distanciamento. Egoísta, porque preciso com urgência de pensar mais em mim do que em grandes causas; distanciamento, porque, apesar de sentir umas saudades terríveis de Angola, é interessante olhá-la de fora, e ver o tipo de sentimentos que ela desperta. Na boca fica aquele sabor agridoce do absurdo. Talvez parecido com o sabor de uma mulher que amamos loucamente mas que nos dá porrada todos os dias e nos atira à cara a nossa imposta ou suposta impotência.
Estou neste limbo e assim deverei ficar uns tempos mais. Sou um puto, um "teenager guevarista", segundo a arrogância de um importante senhor da Banda (desses do estilo "sabes quem eu sou?"). Por isso tenho que me dar espaço para viver coisas novas, descobrir algo para além da asfixia, conhecer pessoas diferentes, definir mil planos de viagens e de escritas que talvez nem se concretizem. Mas isso também não importa. Estou a viver-me pela primeira vez em muito tempo. Que Salvador me salve... e até ao regresso.
Comentários
beijos, parceiro.
Que bom ver-te de volta ao teu espaço Mukuarimi.
Agora vi a imagem do pelô e fiquei com saudades. Será desta vez que irei visitar-te? Quem sabe...
Ah, a propósito tb vi as imagens dos lugares por onde andaste/viveste e considero-te um privilegiado. Fruto da tua coragem/ousadia. És realmente um aventureiro.
Mantenhas cá de CV