"Onde há um peruano, há um Senhor dos Milagres"

O culto do Senhor dos Milagres universalizou-se. Mais que uma festa de Lima e do Peru, a devoção ao Cristo Negro pertence a todo o mundo católico. Actualmente, segundo o Mordomo da Irmandade do Senhor dos Milagres das Nazarenas, Manuel Orillo Peña, existem mais de 140 irmandades em todo o mundo - da América à Europa, passando pela Austrália e até pelo Japão.


















A emigração de peruanos foi a grande responsável por esta globalização. Daí vem o adágio "onde há um peruano, aí está o Senhor dos Milagres. No ensaio "Senhor dos Milagres, Rosto de um povo para crer em Deus", o investigador José Benitez realça um dado curioso: "os três protagonistas mais importantes deste culto são estrangeiros, nenhum é peruano. O primeiro, é o escravo Benito, de Angola; outro é Sebastián de Antuñano, espanhol (...) a terceira é a equatoriana Antonia Lucia de Maldonado."

Este carácter  globalizador acompanha o Cristo de Pachacamilla, que já "dormiu" em catedrais tão importantes como a Notre Dame, de Paris, ou Saint Patrick, em Nova Iorque. Em Roma, Julio Molina é o mordomo da Irmandade do Senhor dos Milagres. Em entrevista por e-mail, comenta que nessa cidade se " segue a mesma tradição, ritos e cultos que se realizam na cidade de Lima". Como comenta, "é uma demonstração de fé, de força, onde demonstramos um grande espírito de cristandade e catolicismo que nos marca e nos identifica a nós, peruanos, como nação em qualquer parte do mundo".

A actividade desta irmandade em Roma tem dado frutos. Em 2001, por ocasião dos 350 anos do Senhor dos Milagres, o padroeiro do Peru foi alvo de uma homenagem do antigo Papa João Paulo II. Entretanto, no ano passado, dois dias antes da procissão de 28 de Outubro em Lima, na Praça de São Pedro o Papa Francisco exclamou: "Vejo a imagem do Senhor dos Milagres, que belo é!"

Vizinho do Peru, o Chile é um dos países onde a presença do Senhor dos Milagros é mais significativa.. Fernando Carrion, vice-mordomo da Irmandade naquele país da América do Sul comenta que "a procissão percorre Santiago, desde a Catedral Metropolitana até à sua sede na Paróquia Latino-americana, numa procissão de oito horas". Quando o Cristo de Pachacamilla entra na Catedral da capital chilena, cantam-se os hinos nacionais do Peru e do Chile.

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