Incas, Angolas e Jesus
As coincidências entre a história pré-hispânica da região de
Lima e a tradição do Senhor dos Milagres são muitas e revelam um intenso
sincretismo religioso entre as culturas inca, angola e ocidental.
Quando os espanhóis chegaram ao que é hoje o Peru, encontraram a
cerca de 40 km da actual Lima um importante santuário dedicado ao deus inca
Pachacámac. Em mediados do século XVI, índios dessa região instalaram-se nos subúrbios
da então chamada Cidade dos Reis, actual capital peruana. Essa zona ficou
conhecida por Pachacamilla, em honra a Pachacámac, também conhecido como senhor
dos terramotos.
o tempo, os indígenas foram sendo substituídos por escravos
de origem angola. O resto da história já se sabe: Em Pachacamilla, o escravo
Benito pintou a imagem de Jesus crucificado. Curiosamente, à semelhança do deus
adorado pelos anteriores habitantes do bairro, o Cristo Negro também tinha o
poder de controlar os movimentos telúricos.
Para o antropólogo peruano Juan Ossio, embora não se conheça a
verdadeira dimensão deste sincretismo, a relação entre as várias culturas é
evidente . No documentário "Senhor dos Milagres", opina que "o
grande impacto de Jesus Cristo na sociedade andina não foi tanto o de entidade
redentora, senão a sua condição de entidade divina vinda de um reino que não é
deste mundo". Uma característica, aponta, "bastante importante para
os incas, durante a época pré-hispânica".
Regressar
Regressar
Comentários